terça-feira, 28 de outubro de 2008

O PRAGMATISMO

CÃO: Assististe aos Pros-e-Contras de ontem? De certeza que ouviste muita gente a falar. Onde fica a coerência?
PINCHA:
Na falta de pragmatismo.

CÃO: Como assim?
PINCHA:
Falam, falam, falam e, às vezes, não devem saber o que dizem ou são aldrabões consumados.

CÃO: Pode ser as duas coisas juntas. O nível moral de muitos dos que se encontram na política nem sem sempre é muito bom. Além dos que escaparam, existem bastantes que não deixaram de ser mencionados em tribunal com fugas e processos que se arrastam há anos. Para nós, piores são os que se posicionam atrás deles e os utilizam como marionetas ou peões de brega.
PINCHA:
Contudo, julgo que a falta de pragmatismo é muito grave.

CÃO: Mas quanto ao debate?
PINCHA:
Fiquei aborrecido com o que ouvi. Foram propostas, promessas, explicações, confusões e fugas para a frente. Às tantas, fiquei com sono e fui para a cama. Não sei qual a razão de tanta complicação. Se o Governo, com o dinheiro dos contribuintes, quer fazer com que a população não se afunde em dívidas que não pode pagar, quer ajudar a reequilibrar a economia e não deseja engordar os banqueiros, basta simplesmente fazer uma contas de somar e multiplicar. Se eu tiver um limite de pagamento de prestação mensal da casa de 21€, que passou a 25€ com a crise actual, o Governo que nos quer ajudar pode assumir para si o excesso do pagamento da prestação.

CÃO: Como? Não é isso que quer fazer?
PINCHA:
Não. O que eles querem é alienações, compras, valorizações e outros jogos financeiros, sempre à espera do «futuro» que está mais nas mãos deles do que das nossas.

CÃO: Explica melhor a tua ideia.
PINCHA:
O Governo, mediante um contrato com o dono de propriedade, que tivesse fracos recursos financeiros, assumiria durante 10 anos o remanescente da prestação, deixando para o proprietário anteriormente referido, o pagamento do montante de 20€, menor do que o actual. A propriedade não saía das suas mãos e as amortizações continuavam no seu ritmo normal nos 10 anos seguintes. Assim, o Estado ajudaria de verdade. Findo este tempo, o proprietário assumiria a dívida de tudo aquilo que o Estado tivesse pago, com os juros legais, etc. e amortizaria esse montante nos 10 anos seguintes, como qualquer outro empréstimo.

CÃO: E se o proprietário falecer?
PINCHA:
Os herdeiros legais, se estivessem nas mesmas condições, continuariam com esse esquema. Caso contrário, ser-lhes-ia retirado o benefício.

CÃO: E se a dívida remanescente actual for inferior a 10 anos?
PINCHA:
Melhor ainda. É por esse período que o Estado assumiria o esquema de ajuda com igual tempo de pagamento da dívida.

CÃO: E se o proprietário quiser vender a casa?
PINCHA:
Pagaria as dívidas por inteiro já que receberia os seus proventos. A vantagem principal seria o proprietário não ter de alienar a sua propriedade e sujeitar-se depois a avaliações, revalorizações e especulações de quem tem dinheiro e pode «jogar» com ele.

CÃO: Assim seria mais simples, transparente e honesto. E tens alguma ideia acerca das «burrices» que se fazem em relação à produtividade que todos dizem que querem?
PINCHA:
Lembrei-me agora da Terça-feira de Carnaval. Está aqui um exemplo. Achas que um dia num ano faz diferença na produtividade? Onde fica a motivação? Os operários desmotivados durante grande parte do ano por lhes ter sido feito um «insulto» tão grande de eliminar a Terça-feira de Carnaval, que produtividade irão ter durante bastante tempo enquanto se lembrarem disso? Verificaram a produtividade nesse ano? Há países, muito mais produtivos do que o nosso onde julgo que os feriados em dias não úteis são compensados com dispensa de dia útil ou próximo de fim-de-semana.

CÃO: Afinal, o que queres dizer com o teu pragmatismo?
PINCHA:
É arregaçar as mangas, mostrar trabalho, verificar a correcção das soluções, corrigir os erros e deixar-se de discursos fáceis, conversas fiadas e desonestidades.

1 comentário:

Anónimo disse...

De facto, o que nos falta é trabalhar porque falar, falamos muito, a começar no Parlamento.